Manual do Novo Jornalista
O que você precisa saber se quer se tornar um jornalista
O que você vai encontrar aqui?
Você tá na escola ou cursinho, pensando em fazer faculdade de jornalismo? Ou tá nos primeiros semestres da faculdade, mas ainda tem muitas dúvidas e preocupações?
Vai dar dinheiro? O jornalismo tá acabando? Será que não é melhor fazer, sei lá, Direito, Administração ou qualquer profissão que “dê futuro”?
Continua por aqui que eu vou tentar te ajudar a resolver tudo isso!
PS: Use o menu na parte de cima. Lá, você vai ver todos os tópicos abordados aqui.
Se você tiver alguma pergunta ou sugestão, nesse mesmo menu também tem vários jeitos de entrar em contato comigo.
Quem sou eu?
Me chamo Eleonora e estou concluindo a faculdade de Jornalismo na PUC-SP.
As perguntas que vou tentar responder aqui vem martelando na minha cabeça há vários anos, desde o Ensino Médio, e a falta de respostas pra elas me fez escolher o curso errado quando saí da escola. Por um ano, fiz faculdade de Administração, mesmo sabendo que sempre quis ser jornalista.
Depois, percebi que vários vestibulandos e vários dos meus amigos, mesmo os que já estavam cursando Jornalismo, também tinham as mesmas dúvidas que eu. Então, resolvi criar esse site!
Espero que ele te ajude a tomar uma decisão mais informada sobre o curso que você vai escolher na faculdade.
O jornalismo tá acabando?
Para responder essa pergunta, vou fazer uma analogia com a medicina.
Em “O exercício da incerteza”, livro de memórias lançado esse ano pelo Drauzio Varella, ele conta como a medicina evoluiu desde que ele se formou - 50 anos atrás - e o que mudou na profissão de lá pra cá”.
Quando Drauzio saiu da faculdade, não tinha SUS, ultrassom, ressonância e nem endoscopia. Também não existiam UTIs, quimioterapia e nenhuma cirurgia reparadora para o coração de alguém que teve infarto (como stents ou cateterismo).
Para piorar ainda mais, a mortalidade infantil era 5 vezes maior, com uma população que corresponde a menos da metade da atual.
Mudou bastante, né?
Por que esperaríamos que com o jornalismo isso seria diferente?
Jacques Mick e Samuel Lima realizaram um trabalho bastante importante e até então inédito no Brasil: Em 2012, eles entrevistaram jornalistas de todos os Estados do país, a fim de encontrar o perfil do jornalista brasileiro.
Um trecho desse estudo me parece mais atual do que nunca:
“Poucas profissões sofreram tantas metamorfoses, nos últimos vinte anos, quanto a dos jornalistas brasileiros. Transformações estruturais do capitalismo combinaram-se à política de expansão do ensino superior, à redemocratização do país e a mudanças na regulamentação profissional e produziram um ambiente em que se reconfiguraram por inteiro as possibilidades de atuação dos jornalistas. Como resultados, as dimensões da categoria se expandiram exponencialmente, diversificaram-se as áreas de atuação desses profissionais e alteraram-se competências e habilidades deles demandadas.
Em 1972, a TV a cores estava chegando no Brasil. Antes dela, o jornalismo era feito no rádio e no impresso e, com seu surgimento, muito mudou na profissão.
De lá pra cá, a tecnologia continuou transformando a profissão e as pessoas, especialmente depois da chegada da internet.
Essa história toda me lembrou de como eu escolhi que queria ser jornalista. Clica aqui pra ver!
Aos poucos, a internet parou de ser discada e foi chegando a banda larga, precedida pela fibra óptica.
Cada vez mais rápida, ela agora possibilitava que víssemos vídeos e até filmes inteiros – algo impensável antes – e a presença digital de pessoas e empresas foi ficando cada vez maior
A Folha de S. Paulo é um exemplo muito bom disso. No comecinho da internet, eles criaram o Universo Online (UOL). Na época, era só um serviço de bate-papo e um site que publicava a edição diária da Folha.
Aos poucos, foi se expandindo, lançando conteúdos em vídeo e se consolidando com linguagens e formatos próprios para a internet, como parcerias com blogs e influenciadores da época.
Conforme a internet evoluiu, a família Frias, dona da Folha, viu necessidade em transformar a empresa.
Lá em 2007, vendo que existia demanda para compras online - inclusive via o próprio site da Folha e do UOL, que já tinham milhares de leitores e poderiam começar a ser usados para ganhar dinheiro - eles compraram um site que já fazia isso e transformaram no Pag Seguro.
Hoje, ele é uma das formas de pagamentos mais usadas no Brasil, com valor de mercado superior a R$25 bilhões.
Enquanto isso, a Folha foi se consolidando como o jornal brasileiro com maior número de assinantes pagos, superando os 335 mil. Além disso, disputa com O Globo o total de audiência, tendo trimestres à frente do concorrente e outros ficando em segundo lugar.
Além das publicidades e assinantes, agora o grupo que a controla tem uma empresa bilionária, o que garante que, mesmo um projeto com dificuldade de se manter rentável nos dias de hoje, como um jornal, possa seguir adiante.
Assim, a Folha também pode investir em novas mídias, como os vários podcasts que ela tem feito nos últimos anos. O “Café da Manhã”, seu podcast diário, é o terceiro mais ouvido do Spotify no Brasil no momento.
Por outro lado, o jornal O Estado de São Paulo, o Estadão, segue focado em tiragens impressas e com um modelo de negócios que não parece ter acompanhado as mudanças do mundo. E, em todas as pesquisas que encontrei, o número de assinantes têm caído ano a ano.
A Globo - que sempre teve mais que O Globo,
nunca foi apenas um jornal e, por isso, se difere da Folha e Estadão - também se mexeu e se adequou
às novas exigências. Ao criar o Globo Play, a empresa agora compete com a Netflix, HBO e
outros streamings, que antes estavam tirando seu espaço.
No auge do Big Brother Brasil 21, o Globo Play
bateu recorde de assinantes e teve mais de 6
milhões de horas de consumo em um único dia.
Ok, legal, mas e quem não está nessas empresas gigantes? Como faz?
Existem também outros caminhos, como o escolhido pelo ex-editor chefe do The Intercept Brasil Leandro Demori. O jornalista criou uma campanha de financiamento coletivo, em que as pessoas podem contribuir com qualquer valor a partir de R$20 mensais.
Em troca, ganham acesso a um grupo com análises exclusivas, livro, e-book e outras recompensas, além de, nas palavras dele, "Muita informação, muita análise e a gente vai descobrir juntos o que rola por trás do que não sai no noticiário”.
Também existem jornais como o Nexo, Agência Pública, Alma Preta, Think Olga e tantos outros fazendo jornalismo independente, mantido por financiamentos coletivos e doações.
Jornalismo com recortes
Em vários dos casos, são iniciativas de nicho. O Think Olga, por exemplo, é focado em falar de questões de gênero e o Alma Preta, de raça.
Esses novos modelos são benéficos para aprofundar a cobertura dos jornais e não apenas reportar os acontecidos, mas trazer a visão de quem sente esses problemas na pele.
Em Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie fala sobre como, por décadas, a história e a identidade africana foram construídas somente por pessoas brancas.
A autora discorre sobre o quanto isso foi prejudicial e fez com que a complexidade de um continente inteiro fosse reduzida. A visão que a sociedade tem do que é ser negro e do que é ser africano foi contada por pessoas que
não são nenhuma dessas duas coisas.
Essas novas formas de fazer jornalismo visam melhorar essa realidade e, ao meu ver, tem conseguido! O “Chega de Fiu Fiu”, iniciativa do Think Olga, por exemplo, atingiu milhões de pessoas e chegou até a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que produziu uma cartilha mostrando caminhos para as mulheres denunciarem caso sejam assediadas.
"A forma mais simples de desapropriar um povo [colonizado] é contar a sua história [do ponto de vista do colonizador]. Comece a história pela visão dos americanos nativos e não pela chegada dos britânicos e terá um cenário completamente diferente”.
– Mourid Barghouti
E qual a conclusão
disso tudo?
Esse cenário mostra que o jornalismo não está acabando mas, sim, mudando.
E, com isso, a forma de ganhar dinheiro e se manter sustentável pode não ser mais a mesma de antes.
Não quero que, ao ler isso aqui, você pense que eu estou tentando fazer um papo de coach, “Trabalhe enquanto eles dormem”, nem nada disso.
E também não estou dizendo que todas essas mudanças são inerentemente boas, não geram conflitos éticos, precarização do trabalho ou outros problemas.
Minha ideia é mostrar que, mesmo os mais tradicionais jornais do país, não puderam continuar trabalhando da forma que faziam nos anos 1970. Assim como o Drauzio Varella também não pode continuar sendo o mesmo médico que era a 50 anos atrás.
Fake news e
violência contra jornalistas
O jornalismo, como qualquer profissão, também tem problemas. Escolhi dois, que considero os maiores da atualidade, para explicar um pouquinho e mostrar como eles podem impactar na nossa carreira.
FAKE NEWS
O conceito é simples: alguém, de propósito, começa a veicular notícias falsas ou boatos com o objetivo de prejudicar alguém, gerar benefício para si ou uma pessoa pública.
A ideia é bastante antiga, existe pelo menos desde Roma Antiga, antes de Cristo.
Porém, nos últimos anos, tomou proporções nunca antes vistas. Políticos como Donald Trump passaram a usar de estratégias em que tudo de ruim dito sobre eles era fake news e tudo de bom
dito sobre seus oponentes também.
Com isso, conseguem criar um grupo de apoiadores que acaba acreditando em tudo o que é dito por ele e sua equipe, afinal, nessa narrativa, nada vindo de outras fontes é confiável.
Uma evolução disso é a deep fake. Nela, fica ainda mais difícil saber o que é verdade ou não, por que ela consiste em vídeos ou áudios adulterados, fazendo com que pareça que alguém falou ou fez algo que não ocorreu.
Violência
contra jornalistas
A Federação Nacional dos Jornalistas divulga, em todo começo de ano, um relatório anual sobre a violência contra jornalistas.
O último levantamento mostrou 430 casos no ano, totalizando quase 8 por semana, um recorde na série histórica de registros.
Os números de 2021 já são 54% maiores que os de 2018 e, para o Instituto Vladimir Herzog, isso não é à toa. Para eles, o cenário se agravou tanto nos últimos anos por intervenção do presidente Jair Bolsonaro:
“Ele mesmo, pessoalmente, ataca de forma sistemática jornalistas, comunicadores e veículos de comunicação em geral. Mais do que isso, essa postura legítima incentiva novos ataques por parte de seus familiares, ministros e apoiadores. Assim, o Estado, que deveria garantir a proteção e a segurança daqueles que promovem a livre-circulação de informações, é, na verdade, um dos principais agressores daqueles que efetivam o direito à liberdade de expressão”.
No site Poder 360 , você pode ver uma tabela completa com as violências sofridas. Elas vão desde ataques verbais e virtuais até censuras, impedimento de exercer a profissão e atentados, por exemplo.
No que eu posso trabalhar?
Antes, vou começar com as más notícias:
As vagas nos meios tradicionais estão diminuindo. Vira e mexe aparecem reportagens denunciando uma demissão em massa em uma grande editora, algum jornal que não está pagando seus funcionários e outros problemas como esses.
Estudei alguns semestres de jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie e depois mudei para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Consigo contar nos dedos de uma mão os amigos e colegas que estão trabalhando em um dos grandes e consagrados jornais do país.
Nos EUA, os números de empregados em redações de jornais caíram pela metade entre 2006 e 2017. Na mesma época, o faturamento dos jornais despencou, passando de quase US$50 bilhões para US$16 bilhões.
Esses números mostram apenas que o mercado a forma de fazer jornalismo está mudando, não acabando. Você pode saber mais aqui.
Não precisa se desesperar! Ainda existem muitas formas de atuar com jornalismo, várias delas nasceram recentemente e são bastante promissoras.
Conheça um pouco mais das possibilidades de atuação de um jornalista abaixo:
Redação
É a mais óbvia! Quem nunca se imaginou em uma redação lotada, com pessoas falando alto e andando apressadas por todos os lados?
Por lá, você pode trabalhar buscando pautas, apurando as informações, escrevendo a matéria ou diagramando (no caso de jornais impressos ou revistas), por exemplo.
Você pode estar alocado em uma editoria e aí escrever na
maior parte do tempo sobre um determinado tema ou variar entre a necessidade do veículo.
Acho legal lembrar que você pode trabalhar com redação em um jornal super tradicional, mas também pode fazer parte da equipe do Nexo, The Intercept Brasil, Agência Pública ou outros nessa linha, que fazem jornalismo de uma forma mais inovadora.
Assessoria
É um tema guarda-chuva para uma série de funções.
Você pode assessorar uma pessoa pública (como um político), uma empresa ou fazer parte de uma agência que faz somente isso.
Suas funções podem ser fazer e enviar releases – que são pequenas matérias, normalmente contando sobre um lançamento ou novidade importante – para outros
jornalistas, buscando que a pessoa ou empresa que você assessore saia na mídia.
Mas, segundo a Comunique-se, o trabalho pode ter muitas outras atribuições: "Além de relações com a mídia, serviços como comunicação interna, design, eventos corporativos, marketing de conteúdo, media training, pesquisa de mercado, produção de vídeo, publicidade e relações com o governo, entre outras”.
Edição e captação de vídeos e fotos
Esse é mais auto explicativo, né?
Mas, na faculdade de jornalismo, você também aprende a tirar boas fotos e editar vídeos.
Esses materiais podem ser veiculados em telejornais, jornais, revistas ou até nas redes sociais de uma empresa, por exemplo.
É importante ressaltar que as disciplinas de fotografia em uma faculdade de jornalismo nos ensinam mais do que escolher um bom ângulo ou encontrar a luz certa para a foto.
O fotojornalismo tem um papel crucial, ele rompe barreiras e atinge qualquer pessoa, mesmo quem não sabe ler, por exemplo. Ele registra os acontecimentos e faz com que os fatos ganhem camadas, rostos, vida.
Edição e captação de áudio
Se trabalhar com rádio ou podcasts é algo que brilha seus olhos, saiba que você vai ter matérias na faculdade te ensinando como fazer isso, desde a parte técnica até os roteiros específicos para essas mídias.
Fact checking
Nos últimos anos, com o aumento das fake news, jornalistas se especializaram em checar a veracidade de notícias, falas de pessoas públicas e dados.
Nessa última eleição, você deve ter visto matérias com a manchete “Veja o que é verdade
ou mentira no debate entre os presidenciáveis" ou algo similar a isso, certo? Essas matérias são fruto do trabalho de um jornalista checador de fatos, que analisa fala a fala e procura as fontes de tudo o que foi dito.
Essa área existe dentro de grandes jornais e também em agências específicas para isso, como a Lupa.
Social Media, influenciadores, e marketing
Apesar de ainda não ser algo muito ensinado na faculdade, vários jornalistas acabam sendo contratados para funções tipicamente associadas aos profissionais de Publicidade ou até de Relações Públicas, que também são áreas da Comunicação Social, assim como o Jornalismo
Normalmente, escrevemos roteiros para posts nas redes sociais, vídeos para oYouTube, reels, Tik Tok. Também tem aqueles jornalistas que lidam direto com influenciadores, fazendo roteiros para posts ou cuidando das redes sociais dessas pessoas.
É uma área nova e que está em expansão.
SEO, SMO, SEM, SMM
São estratégias de otimização para sites e mídias sociais. O SEO, por exemplo, é pensado para fazer sites aparecerem antes quando alguém faz uma busca no google.
Então, o profissional de SEO procura quais palavras-chave são tendência em determinado
tema e constrói matérias usando essas palavras (e uma série de outras estratégias ao decorrer do texto, título e URL).
Assim, o algoritmo do Google entende que esse texto é mais relevante e ranqueia melhor o conteúdo.
SMO, SEM e SMM seguem a mesma lógica, mas para publicidade e mídias sociais.
Comunicação corporativa
É um termo guarda chuva para diferentes áreas de atuação, como:
Comunicação interna
Voltada para quem trabalha na empresa. São comunicados eventos internos, mudanças, prémios, normas e outras notícias que a empresa achou
relevante que os seus trabalhadores conheçam.
Comunicação externa
É o oposto da comunicação interna. Na externa, o foco é a imprensa, clientes, governo, concorrentes e outros públicos que não fazem parte da empresa.
Os objetivos são informar
todas essas pessoas sobre o posicionamento, produtos e serviços da empresa, além de atrair novos clientes e cultivar a reputação.
Enquanto a comunicação interna normalmente é feita por e-mail ou ações na própria empresa, a externa pode ser por redes sociais, releases para a imprensa, sites, vídeos e diversas outras mídias.
Jornalismo de Dados
É um método de fazer jornalismo partindo de dados. Ao acessarem bases de dados, os jornalistas procuram incongruências, novidades ou pontos de atenção, por exemplo, e começam a escrever a partir daí!
Tido como um dos segmentos mais promissores e crescentes do jornalismo, ele é mais antigo do que imaginamos.
A primeira edição do The Guardian, em 1821, mostrava uma tabela com todas as escolas em Manchester, seus custos e capacidade de alunos, por exemplo.
Correspondente internacional
Se você pensou na Ilze Scamparini dando notícias direto de Roma, pensou certinho.
Um correspondente internacional pode ser contrato ou prestar serviços para jornais de seu país de origem, mostrando as notícias mais importantes da região onde ele está.
Você também pode se especializar em um tema e atuar nele de forma ampla, escrevendo ou produzindo vídeos e fotos para diferentes mídias e veículos.
Como por exemplo:
Jornalismo literário
Jornalismo cultural
Jornalismo esportivo
Jornalismo científico
Jornalismo político
Jornalismo investigativo
Jornalismo musical
Jornalismo esportivo
Jornalismo econômico
Jornalismo de entretenimento
E, dentro dessas áreas, há ainda mais especializações. No jornalismo esportivo, por exemplo, existem profissionais que escrevem apenas sobre futebol, já outros falam somente de basquete e assim por diante.
Ao focar em um segmento, você pode acabar ficando limitada a ele e tendo dificuldade para conseguir trabalhos fora dessa área. Mas, por outro lado, pode virar referência no setor e ser procurado sempre que o assunto surgir.
Passar na faculdade
Leu tudo isso e segue interessado, mas tá com medo do vestibular e da faculdade?
Como eu sei que esse tema assusta, fiz um resumo do mais importante, tudo bem fácil de ler e absorver as informações.
Perguntas e respostas
Como é fazer faculdade?
É igual a escola, mas só com matérias que você gosta e com mais liberdade. Vai ser ótimo, você vai ver.
O que eu preciso pra ir bem no curso?
Ler bastante, perguntar bastante, gostar de escrever (e/ou de fotos/vídeos/áudio).
Quanto tempo dura?
4 anos.
O que eu vou estudar?
Nos primeiros anos, a maior parte das graduações foca em matérias que vão te dar uma base humana,essencial para ser um bom jornalista. Entre elas, você pode aprender ética, sociologia, filosofia, gramática, teoria da comunicação e história do jornalismo.
Depois, surgem aulas práticas, nos ensinando a cobrir determinados assuntos (como economia, literatura e cultura), a realizar programas de rádio e telejornais, fotografias e edição de revistas, por exemplo.
Quanto custa a faculdade?
A média do Brasil fica entre R$500 a R$1.000 por mês. Porém, em São Paulo, as melhores faculdades privadas custam entre R$2.500 e R$3.000.
Não consigo pagar isso. E agora?
Além das universidades públicas, você também pode recorrer a financiamentos direto com a faculdade ou pela nota do ENEM.
Preciso fazer faculdade para trabalhar com jornalismo?
A maior parte das vagas de emprego pedem que você tenha graduação na área.
Além disso, fazer a faculdade te prepara para ser um profissional muito melhor, não só por adquirir habilidades técnicas mas, também, pela bagagem ética e social que é ensinada.
FIES:
De acordo com a nota do ENEM e renda da sua família (até 5 salários mínimos por pessoa), você pode ter o financiamento parcial ou integral da faculdade.
O pagamento da mensalidade só começa depois que você se forma e você tem até 14 anos para quitar a dívida.
Opções de financiamento
PROUNI:
Se a renda da sua família é inferior a 3 salários mínimos por integrante, uma boa opção pode ser o Prouni.
Usando a renda per capita da sua família e a nota do ENEM, você concorre a bolsas de 50% ou 100%
A inscrição é online, gratuita e ocorre duas vezes por ano.
Em todos esses programas e também no SISU, é necessário ter tirado pelo menos 450 pontos no Enem, além de não ter zerado a redação.
Porém, é importante ter pontuação superior aos 600 pontos, que tem sido a nota de corte necessária para as universidades mais procuradas.
FINANCIAMENTO PELA FACULDADE:
O programa e as regras variam de acordo com a instituição, mas na PUC-SP, por exemplo, existe a Bolsa FUNDASP - que funciona de forma bastante similar ao Prouni e o Fies - e a Bolsa por Mérito Acadêmico, dada aos candidatos que se classificarem em primeiro lugar no vestibular da universidade (exceto no curso de Teologia).
Como eu escolhi o jornalismo?
Nos primeiros anos da minha infância, a internet não era uma coisa. Em casa, tinha computador e internet discada, que era bem lenta e fazia um barulhinho na hora de conectar.
Um abraço especial pro Neopets, Miniclip, Click Jogos e o site da Barbie.
Na casa da minha avó, onde eu passava alguns finais de semana e férias, não tinha nada disso. Pra ela, as notícias chegavam pela TV e
por um radinho a pilha bem pequeno, que ela ouvia antes de dormir.
E foi lá que eu me apaixonei pelo jornalismo.
Minha avó adorava assistir jornal e íamos mudando de canal na TV assim que um deles terminava, pra procurar se já tinha outro passando em alguma emissora.
Eu sempre gostei também, então por mim tava tudo certo.
Na época, mais ou menos em 2008, o preço do tomate tinha disparado e ele era chamado de
“vilão da inflação”.
Lembro direitinho de ver mulheres jovens, com suas camisas sociais e microfone na mão, ali na frente do Palácio do Planalto, cobrando que o poder público fizesse algo para baixar os preços.
Em outras reportagens, elas estavam em algum supermercado, andando entre os corredores ou fazendo um fala povo, que é quando o repórter entrevista várias pessoas, não especialistas no tema, para tentar medir como a população em geral se sente sobre algo.
Lembro de me ver nelas e sentir claramente que eu também podia fazer aquilo. Morar em Brasília, passar o dia correndo pelo Palácio do Planalto atrás de uma entrevista exclusiva e tudo isso me brilhava os olhos.
Gostaria muito de dizer que escolhi o jornalismo por conta da Christiane Amanpour – uma jornalista super renomada que cobriu guerras e conflitos em todo o mundo – igual a Rory,
que fez jornalismo em Yale e é uma das protagonistas da minha série favorita, Gilmore Girls.
Mas foi ali, numa pauta tão trivial, que defini que queria ser jornalista. Hoje, vejo que talvez ali tenha sido o momento que entendi que o jornalismo tinha impacto direto na vida da população e que nosso trabalho tem poder de mudar o mundo, mesmo em pautas como o preço do tomate.
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Este site e a conta do TikTok @manualdonovojornalista são meu Trabalho de Conclusão de Curso, mas a ideia é atualizar com frequência.
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